Tribuna da Imprensa – RJ -17/03/2008 - 09:26 Centenas de pessoas se aglomeraram entre os destroços da aeronave e os quatro corpos mutilados, na tentativa de saquear

A tarde de 14 de março de 2007 começava tranqüila como qualquer outra no distrito de Maracangalha, em São Sebastião do Passé (BA), a 58 quilômetros de Salvador. Como tantos outros trabalhadores rurais da região, Antonio Silva dos Santos, o Alumínio, de 27 anos, estava a caminho da propriedade onde trabalhava, com colegas, quando viu um bimotor despencar sobre a fazenda Parque Nossa Senhora das Candeias.
O acidente, que completou um ano na sexta-feira, decretava o fim da tranqüilidade no simpático lugarejo de 5 mil habitantes cantado nos versos de Dorival Caymmi. Alumínio e os colegas foram até o local da queda. Descobriram que havia, no avião, quatro pessoas - todas mortas - e muito mais dinheiro do que eles, ganhando um salário mínimo por mês, poderiam pensar em ver em toda a vida.
Havia R$ 5,56 milhões a bordo, que estavam sendo mandados de agências bancárias do Norte baiano para Salvador. Não tardou para que a notícia de que o avião transportava uma enorme quantidade de cédulas de R$ 10 e R$ 50 se espalhasse.
Centenas de pessoas se aglomeraram entre os destroços da aeronave e os quatro corpos mutilados, na tentativa de saquear. "Muita gente saiu carregada de dinheiro", conta Alumínio. "Só fiz o que todo mundo estava fazendo". O lavrador voltou para casa sem contabilizar quanto havia "arrecadado".
Escondeu as notas da melhor forma que pôde. Diz não ter contado a "boa nova" nem à mulher - preferiu seguir, em silêncio, seu caminho de volta ao trabalho. Ao longe, viu as primeiras equipes policiais chegando ao local do acidente, atirando para cima, tentando tirar curiosos e aproveitadores do meio dos destroços.

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