Autor: Tiago PI
Sentei e comecei a reparar
Um moço agoniado que corria de lá para cá.
Sem medo de falar
Um susto ele me deu
Quando com a faca na mão, no cu de Deus meteu.
Levou-me a indagar...
Quantos “Sebastiões” não há
Que contam com a sorte
Para da noite pro dia a vida mudar?
Homem por fora, menino por dentro.
Muitos amigos, pouco dinheiro.
E o que não te faltava era um tanto de medo.
O avião caiu e ninguém foi olhar
Todos pediam – “Sebastião, vai lá”.
A sua coragem me animou, quando viu o dinheiro no meio do terror.
É sorte. É o sonho. É a comida.
É o leite. É a quitação. É a esperança.
É o compadecimento do Padre Cícero.
Dinheiro de sangue, dinheiro de vento.
Assim como veio, voltou para o relento.
Semelhante a Árvore da cidade de Felicidade
Trouxe sonhos artificiais iguais aos seis mil seiscentos e sessenta reais.
O pobre Sebastião, com a morte se encontrou.
Negociou a vida, lhe entregando o dinheiro que desenterrou.
Mas a vantagem de viver ele não levou.
Levou três tiros
E no meio do matagal ficou.
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